Trabalhadores italianos contra o passe sanitário: porque a Esquerda não vai te contar nada sobre isso?
Atos contra o Green Pass tomam a Itália. A esquerda segue muda sobre os atos, mostranado que nem toda luta de classes serve para a esquerda refém da OMS.
A Itália chamou a atenção de todos no início da pandemia, com o avanço do coronavírus e as chocantes imagens sobre as consequências do vírus no país. Neste momento, as imagens e notícias se espalhavam em todas as mídias — as burguesas e as mídias independentes de esquerda.
Entretanto, agora o país vem protagonizando um novo momento pandêmico que não chama atenção das organizações de esquerda do mundo: um levante de trabalhadores contra o passe sanitário — chamado no país de Green Pass. Com atos substanciais, formados por trabalhadores e pela juventude, os ativistas exigem que não seja aplicada a medida de passe sanitário, obrigando com que os italianos se vacinem em nome da garantia de seus empregos.
Este movimento de vacinação compulsória não é isolado: a França também avança com medidas autoritárias que afetam diretamente os trabalhadores e na Austrália o cenário autoritário com ostensiva violência policial aproxima-se mais à um cenário de guerra do que “de uma medida sanitária do bem”.
Em todos esses países as medidas sanitárias estão sendo legitimadas pelos governos como "uma forma de conter os movimentos anti-vaxx” que hoje são lidos como o verdadeiro problema da pandemia. Mesmo que a tão sonhada imunidade coletiva esteja muito longe de nosso horizonte através da vacina, governos do mundo todo se apoioam nesse discurso para avançar com medidas autoritárias e anti-operárias.
Na Itália, o premiê Mario Draghi vem avançando com o passe, mesmo com as mobilizações dos trabalhadores, para obrigar que cada indivíduo injete a contra-gosto uma vacina experimental, que já coleciona efeitos adversos moderados e graves em todo mundo.
Muito diferente do que espalham pelas redes sociais, os ativistas contra o passe sanitário não fazem parte de forma majoritária de movimentos de extrema-direita: são indivíduos que carregam consigo uma desconfiança legítima das vacinas, dos governos e da Big Pharma. Nos atos, não estão somentes os não vacinados, mas também os vacinados, que apoiam a luta contra o passe-sanitário e chegam até mesmo a queimar seus comprovantes de vacinação da COVID-19 como repúdio ao autoritarismo do governo. [ veja vídeo abaixo]
Os protestos, que tem como protagosnistas cateogorias como portuários, tem como pauta principal as denúncias às medidas autoritárias, e mesmo a sonhada “solidariedade de classe”, que os partidos da Esquerda Socialista no Brasil muito falam, mas preferem ignorar quando a situação não lhes parece conveniente. Em uma entrevista, trabalhador diz que, mesmo vacinado irá aderir a greve em solidariedade aos seus companheiros não vacinados:
Nos atos, é possível ver que a pauta central é a luta contra o passe sanitário (“No Green Pass"!) o que representa uma medida de extremo autoritarismo contra os trabalhadores, que estão com seus empregos sob risco ao tomarem uma decisão legítima de não injetar a vacina experimental em seus corpos.
Com a esquerda ao lado da OMS, defendendo que os trabalhadores sejam “conscientizados” sobre a segurança e eficácia das vacinas, as mobilizações se espalharam pela Itália, a despeito da esquerda e dos sindicatos dirigidos pela burocracia sindical. Mas, ainda assim, a implementação do Green Pass avança, e empresas já iniciaram o controle dos comprovantes de vacinação.
É inconveniente para a Esquerda que existam trabalhadores que se levantem contra o autoritarismo sanitário em seus países, que se solidarizem com seus companheiros e que resistam à vacinação compulsória, justamente porque, independente de qual corrente ideológica afirmem ser, defenderam por toda a pandemia a política sanitária autoritária e anti-saúde do imperialismo através de sua agência, a OMS. A Itália mostra a falência de uma esquerda que ao ignorar momentos como este, sinaliza que determinados levantes de classe são inconvenientes ou dignos de serem “ignorados”.
O que está acontecendo na Itália não irá aparecer nas páginas dos jornais de esquerda, como a Causa Operária, do Partido da Causa Operária; ou Esquerda Diário, do Movimento Revolucionário de Trabalhadores; ou através de figuras públicas do PSTU, que chegaram ao fundo do poço da defesa de um “Lockdown operário”. Muito menos para os setores do PSOL que só sabem escrever em suas faixas a consigna “vacina no braço, comida no prato”. Para eles a descofiança de governos e suas alianças espúrias com as grandes farmacêuticas é pura teoria da conspiração, ignorância ou até mesmo, no mais baixo nível do argumento elitista: falta de escolaridade. Mas, afinal de contas, quem está lúcido: os trabalhadores italianos contra o passe sanitário ou a esquerda que acredita que seus desvios opostunistas podem ser resolvidos adicionando “quebra das patentes” em suas consignas?